Se eu fosse criar meu filho de novo, faria mais pintura a dedo do que apontar o dedo. Seria menos corretivo e mais conectivo.
Olharia menos o relógio e mais para ele. Cuidaria menos de aprender e aprenderia a cuidar mais dele. Faria caminhadas, soltaria pipas. Ensinaria menos sobre o amor ao poder, e mais sobre o poder do amor. Pararia de brincar de sério para brincar a sério. Correria mais pelos campos e contemplaria mais estrelas.
Daria mais abraços e menos broncas. Construiria a auto estima primeiro, e a casa depois. Seria menos firme e muito mais afirmativo. “Fala-se tanto da necessidade de deixar um planeta melhor para os nossos filhos e esquece-se da urgência de deixarmos filhos melhores (educados, honestos, dignos, éticos, responsáveis) para o nosso planeta, através de nossos exemplos…
Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de prendermos a ter coragem. Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo.
José Saramago